quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Nossos filhos precisam de socorro!




Foi noticiado ontem que uma quadrilha de menores estava roubando condomínios em São Paulo. São garotos de 11 a 15 anos que se passam por moradores ou ficam amigos de outras crianças dos prédios. Eles enganam os porteiros e entram nos apartamentos. E não são adolescentes de baixa renda, antes, são meninos de classe média. Eles entravam nos condomínios portando iPhones, hand spinners e outros equipamentos populares. Dessa forma, os porteiros nem desconfiavam das intenções destes rapazes.

Após a entrevista, uma neuropsicóloga fez um comentário. Foi curioso ouvir a opinião dela. Perguntada sobre onde estariam os pais desses jovens, a psicóloga respondeu retirando a responsabilidade dos pais e atribuindo à escola o dever de educar. Não é só a família a responsável, mas também a escola, segundo a psicóloga. Para ela, deve haver uma união entre a escola e a família. Neste ponto da entrevista, o entrevistador traz novamente as rodas para os trilhos: "Você fala da união da escola com a família, e eu penso aqui na união dos pais com os filhos". Ele foi no cerne da questão.

Precisamos, mais do que nunca, encarar de frente as responsabilidades que a vida nos dá. Temos, por herança, a mania de terceirizar tudo o que é o nosso dever. Eu digo por herança porque herdamos de Eva esse hábito. Ao ser indagada por Deus sobre suas escolhas, Eva desvia olhar de si mesma, e o põe sobre Adão. Ele, por sua vez, coloca-o sobre a serpente. O que me chama a atenção é ver o tratamento de Deus: cada um foi responsabilizado por suas más escolhas. Sobejavam-lhes direitos, eles tinham liberdade plena. Mas não eram apenas direitos; haviam deveres positivos, como cuidar do jardim, dar nomes aos animais, e um negativo: não comer da árvore do meio do jardim. Sobre este recaía uma penalidade, caso não fosse cumprido. A pena foi aplicada à ofensa e de lá até os dias de hoje, Deus nos chama à responsabilidade sobre aquilo que nos foi dado como tarefa.

Quando a Bíblia faz referência aos dias de Noé, diz que Deus viu o que acontecia sobre a terra; mas jamais pensaríamos que um dia esse versículo se cumpriria em nossos dias. Assim registra o texto sagrado: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6.7). 

Tudo começou lá no Éden, como falei. Quando a mulher e o homem pecaram, se afastaram do seu Deus, trazendo danos não só a eles mesmos, mas para toda humanidade. Em todas as épocas, o inimigo buscou destruir a família e principalmente as crianças, como nos tempos de Faraó, nos tempos de Herodes, e hoje não é diferente. Por isso o apóstolo Pedro adverte–nos: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda como leão buscando a quem possa tragar, ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre nossos irmãos no mundo” (1 Pe 5.8). 

A maldade está engastada às pessoas, como o próprio Jesus disse: “Como foi nos dias de Noé, assim será na vinda do filho do homem”. Como assim? A resposta temos no livro de Gênesis, quando lemos: “A terra, porém, estava corrompida; porque toda terra havia corrompido o seu caminho”. Você sabe o que Deus estava dizendo? Que em todas as classes da sociedade havia corrupção (Gn 6.12); e ainda acrescenta: “...porque a terra está cheia de violência” (Gn 7.13). A corrupção gera violência. O primeiro casal se corrompeu e o resultado foi um filho violento que matou o próprio irmão. 

Na verdade, o mundo está assustador, e por isso, muitas pessoas escolheram morar em condomínios por questões de segurança; mas eles são surpreendidos por crianças praticando vandalismo, roubo e enganando os porteiros como se fossem moradores, a fim de engrossar a fileira da corrupção. Que mundo é esse nosso? Mais uma vez vemos desculpas esfarrapadas sendo dadas. Eu chamo de “síndrome de Adão e Eva”. Em nenhum momento, assumem sua culpa, cada um joga a culpa para o outro, e por fim, culpam a serpente. O discurso é o mesmo: porque não tem pai, são filhos de pais separados, são pobres, e assim por diante. Pasmem, as crianças as quais me refiro são de classe média e têm residências fixas!

Neste mundo pós-moderno, permeado pelo relativismo, a verdade absoluta para muitos é inexistente, os princípios que norteiam as famílias são desprezados. O mundo pós-moderno quer viver sem contradição, sem frustração e sem limite. Ninguém pode contrariar o filho, e muito menos corrigi-lo. O pai ou a mãe desta família, que deveria ter seu papel protetivo, não pode atuar ou porque delegaram a terceiros suas responsabilidades, ou porque foram impedidos de assumirem seus deveres.

Pelo amor de Deus, onde vamos parar?! Não suporto discursos vazios, profissionais do comportamento humano falarem que a escola, a família e, mormente, os pais, estão falhando no que diz respeito aos cuidados, educação, afeto e seguir o filho de perto. Não entendo o fato de que esses mesmos defendem que os filhos escolham suas próprias companhias, que os pais não devem invadir a privacidade dos filhos, entre outros comentários que são feitos que não vale a pena repetir. Que tipo de pais serão nossos filhos e netos? Que cosmovisão terão? Queridos, é hora de parar para refletirmos: o que vamos colher desta semeadura, deste mundo que só sabe o que são direitos e não conhece os seus deveres?

O mundo pós-moderno quer viver sem contradição, sem confrontação, sem contrariedades, viver de maneira linear, sem atropelos, sem dificuldades. Com esta forma de viver, sem normas, sem limites, a criança, o adolescente e o jovem são insinuados a fazer o que lhes vier à cabeça; por exemplo, se recebe um “não” dos pais ou professores, procura matá-los, se engravida sem planejar, aborta, afinal de contas, alguém já falou que o bebê só é considerado pessoa quando levado da maternidade para casa... Que disparate! Este, infelizmente, é o mundo em que estamos vivendo.


A Bíblia é um manual que nos ensina de maneira magistral como devemos nos conduzir ética, moral e socialmente. A educação, o respeito e a moral são coisas que aprendemos, adquirimos. “Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens dizia Pitágoras”. O sábio escritor bíblico aconselha: “Instrui o menino no caminho que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele” (Pv.22.6). Que façamos assim, para que tenhamos a chance de criar filhos que sejam uma bênção para nossa família, igreja e sociedade.
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