quinta-feira, 26 de março de 2020

Restará o amor



O momento em que estamos vivendo é um momento nunca visto na história, pelo menos desde que nasci creio que nunca vivenciei momento igual. Menos mal que há uma palavra do eminente apóstolo Paulo que diz: “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo”. É fato que em situações como a que estamos enfrentando, temos que ter esperança, otimismo e fé, se não soçobraremos.

Amigas, sou uma pessoa que gosta de se relacionar, de conviver com pessoas, de sorrir, saudar, abraçar e viver em sociedade. Eu vejo que esse coronavírus veio para nos testar, para fazer-nos passar por situações extremamente adversas com o fim de nos fortalecer, habilitando-nos para a vida que seguirá após todo esse furacão. O cuidado com a saúde mental é essencial para não engrossar a fileira dos que já padecem e vivem à procura de ajuda para seus problemas emocionais.

O que tudo isso nos ensina? Em primeiro lugar, devemos aprender que a felicidade divulgada em nossos dias é utópica, não tem sustentação. A felicidade para muitos é ter mesmo em prejuízo do ser, que é o que de fato importa. Ter riqueza, fama, ter o eu no centro de todas as coisas é a meta de vida que nunca satisfaz. Ter é uma questão de aparência, ostentação; ser é uma questão de caráter. Reale disse que a abundância dos bens materiais, em vez de preencher o homem, o esvaziou. O que antes era algo comum como a rotina da casa, o ficar com a família, abraçar, conversar, sorrir de bobagens, ver fotos e comentar sobre elas, entre outras coisas boas, hoje é prescrição médica, remédio para evitar a depressão. Desaprendemos a viver, essa é a verdade. O avanço da tecnologia (não sou contra) deixou os homens individualistas, fazendo-os perder exponencialmente o espirito solidário. Como prova, vemos que os filhos, na sua maioria, desaprenderam a comungar com os pais, “cada um por si e Deus por todos”. É o individualismo levado ao extremo. A consequência disso traz também o afastamento de Deus.

Hoje há pessoas chorando por um aperto de mão, por um abraço e até por um sorriso. As luvas, o distanciamento seguro, as máscaras apenas são materializações do que há muito tempo o mundo já vivia. Quantos não cantavam mais? Mas agora, com essa reviravolta, muitos saem nas varandas para aplaudir, para cantar e para saudar. Hoje, quem não abraçava está valorizando mais o abraço, quem não tocava sente o desejo de ser tocado.

Estamos em um isolamento social mundial sem precedentes. Um antigo amigo de meu pai faleceu e não pude ser solidária com a família. Ele foi a primeira vítima do nosso estado que morreu por codiv19 e não lhe foi permitido ser velado. Outro irmão, que está internado e é como um pai para mim, não posso ir vê-lo porque estou na zona de risco e não posso entrar em contato com os já infectados. Há um sofrimento emocional, e eu estou falando de mim. Hoje, uma das minhas amigas íntimas teve o seu quadro de saúde agravado pela diabetes e falta de oxigenação - ela está na UTI e não posso vê-la. Logo eu, que amo fazer visitas aos enfermos, especialmente os que estabeleceram comigo laços de amizade e amor. Que mundo conturbado!

Mas eu convido você a tirar boas lições de tudo isso. Ficar ansioso não adianta, o próprio Jesus disse: “não andeis ansiosos por coisa alguma” e “basta a cada dia seu mal”. Fique com sua família, desvencilhe-se um pouco das redes sociais, e não escute muitas notícias. Ouça só o suficiente para manter-se atualizado. Exercite-se fisicamente e espiritualmente, leia bons livros, faça palavras-cruzadas, caça-palavras, leia principalmente a Bíblia. Guarde a fé em Deus e siga o conselho do grande sábio Salomão: “no dia da prosperidade, goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição aquele, para que o homem nada ache que tenha de vir depois dele” (Ec 7.14). Estamos na adversidade, mas tem esconderijo de Deus para nós. Creia! (Sl 27.5).

Tudo vai passar e voltaremos a nos abraçar como antes. Quando esse dia chegar, o abraço será mais caloroso, o aperto de mão mais firme, o sorriso mais espontâneo. De tudo isso, restará o amor que, outrora adormecido, despertará para uma vida mais intensa, mais humana, mais real.


Meu abraço! 

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Judite Alves
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