segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Tempos da Infância...


Como é bom ser criança! O período em que se passa a infância é breve e não volta mais!

Como não amar esse tempo e como não acalentar suas lembranças, memórias que nos dão alívio e fazem nossa alma voar?


Quem não recorda do tempo quando éramos carregados nos braços, afagados por pais, avós, vizinhos, amigos, parentes e até desconhecidos?


Quem não se lembra das manhas, das birras, dos choros e das brincadeiras? Naqueles tempos, nossos pais ocupavam um espaço no coração tão especial que a visão que tínhamos de Deus perpassava por essa relação tão linda. Como estavam entrelaçadas a necessidade de sermos amados com a fé infantil! Não sofríamos do mal da idade adulta: tínhamos aquela fé simples, que crê somente, sem exigir provas. Como crianças, aprendemos a amar e a viver praticando o bem e até repartindo o que tínhamos com alguém. Não importava se éramos ricos ou pobres. Éramos todos iguais e precisávamos estar juntos, numa bela brincadeira. Nesse sentido é que podemos entender as palavras de Jesus: "quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele" (Mc 10.15).Éramos livres das preocupações, e nosso único estímulo para viver era a alegria e o amor. Quem não lembra em como o beijo no joelho e como o pirulito resolviam nossos maiores dilemas? Hoje eu tento ressuscitar na minha imaginação sexagenária as lembranças dos brinquedos, que por humildes que fossem, traziam satisfação, alegria e prazer no brincar. Criávamos brinquedos, inventávamos brincadeiras e repetíamos as tradicionais brincadeiras, como barra bandeira, pega, esconde-esconde, boca de forno, cantigas de roda. Tudo era muito lindo! Enquanto isso, nossas mães prosavam, atualizavam seus assuntos, e nós, crianças, nos divertíamos. Cumpríamos primeiro com as obrigações e as tarefas da escola; a ajuda nas tarefas do lar era exercitada também.

+A parte estranha da infância é que mesmo vivendo num mundo tão livre dos problemas dos adultos, desejávamos ser iguais às pessoas grandes. Ah, mas acho que isso acontecia porque ainda não havíamos passado pelas experiências amargas da vida adulta, e que são a razão de nos tornarmos pessoas frias e cautelosas nas relações com os outros. A espontaneidade e a pureza infantis são as marcas da infância que mais desejo manter! Não quero privar a mim mesma dos prazeres puros da terna amizade que a infância sabia manter. Enquanto faço esse relato, a criança que tenho dentro de mim se alegra! Meus olhos estão brilhando só em recordar aqueles momentos... Com muita razão Jesus enfatiza que aquele que não se fizer como uma criança não pode ver o Reino de Deus (Mt 18.3).

E então, num determinado momento da vida, deixamos de ver as coisas como víamos: é o outro lado, o lado duro da vida, que se apresenta desconhecido, mas real. Nesse momento, deixamos de ser crianças. Infelizmente, há muitos que lhes foi revelado esse outro lado aos 7, 8 ou 9 anos. E isso me leva a pensar: será que nesse mundo, de tanta maldade e hipocrisia, há um espaço para a criança ser criança?

Um comentário:

  1. Ótimo texto, nos traz uma boa reflexão.
    Que Deus nos ajude!

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