Como não amar esse tempo e como não acalentar suas lembranças, memórias que nos dão alívio e fazem nossa alma voar?
Quem não recorda do tempo quando éramos carregados nos braços, afagados por pais, avós, vizinhos, amigos, parentes e até desconhecidos?
Quem não se lembra das manhas, das birras, dos choros e das brincadeiras? Naqueles tempos, nossos pais ocupavam um espaço no coração tão especial que a visão que tínhamos de Deus perpassava por essa relação tão linda. Como estavam entrelaçadas a necessidade de sermos amados com a fé infantil! Não sofríamos do mal da idade adulta: tínhamos aquela fé simples, que crê somente, sem exigir provas. Como crianças, aprendemos a amar e a viver praticando o bem e até repartindo o que tínhamos com alguém. Não importava se éramos ricos ou pobres. Éramos todos iguais e precisávamos estar juntos, numa bela brincadeira. Nesse sentido é que podemos entender as palavras de Jesus: "quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele" (Mc 10.15).Éramos livres das preocupações, e nosso único estímulo para viver era a alegria e o amor. Quem não lembra em como o beijo no joelho e como o pirulito resolviam nossos maiores dilemas? Hoje eu tento ressuscitar na minha imaginação sexagenária as lembranças dos brinquedos, que por humildes que fossem, traziam satisfação, alegria e prazer no brincar. Criávamos brinquedos, inventávamos brincadeiras e repetíamos as tradicionais brincadeiras, como barra bandeira, pega, esconde-esconde, boca de forno, cantigas de roda. Tudo era muito lindo! Enquanto isso, nossas mães prosavam, atualizavam seus assuntos, e nós, crianças, nos divertíamos. Cumpríamos primeiro com as obrigações e as tarefas da escola; a ajuda nas tarefas do lar era exercitada também.

E então, num determinado momento da vida, deixamos de ver as coisas como víamos: é o outro lado, o lado duro da vida, que se apresenta desconhecido, mas real. Nesse momento, deixamos de ser crianças. Infelizmente, há muitos que lhes foi revelado esse outro lado aos 7, 8 ou 9 anos. E isso me leva a pensar: será que nesse mundo, de tanta maldade e hipocrisia, há um espaço para a criança ser criança?
Ótimo texto, nos traz uma boa reflexão.
ResponderExcluirQue Deus nos ajude!