sábado, 24 de dezembro de 2016

Jesus, O Verdadeiro Sentido do Natal


Chegamos ao final de mais um ano. E como em todos os anos, podemos ver luzes por todos os lugares, enfeites, presépios, figuras mitológicas como a daquele velhinho, sinos que tocam, anjos que cantam. Mensagens de felicitações, desejos de prosperidade, comidas, panetones, ceias fartas, festas e muita alegria marcam a vida nos últimos dias do ano. Mas será que foi assim o primeiro natal?
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Ao contrário do que vemos nos dias que antecedem o natal, o nascimento de Jesus não foi tão sentimental e festivo como estamos acostumados a ver. A encarnação do Deus Filho é uma das mais poderosas mensagens das Escrituras. Através do Verbo que se fez carne (Jo.1,14) podemos extrair para nós profundas lições para a vida aqui na terra.
Na plenitude dos tempos, no exato momento planejado por Deus para Sua encarnação, o Filho Amado do Pai torna-se como um de nós, limitado na pele sensível de um neném. Como se não bastasse tamanha humilhação – Deus tornando-se homem – Ele ainda se encarrega de preparar todo o cenário de uma forma um tanto sombria para a sua chegada: uma virgem grávida, uma manjedoura como berço, nenhuma pompa. O cenário político foi um dos piores: perseguições, massacre de crianças inocentes e uma infância escondido no Egito como refugiado. Toda a vida do Deus encarnado foi marcada pelo sofrimento, privação, humilhações e termina por receber a pior sentença para um condenado – morte de cruz. Que fim trágico!
O que aprendemos, então, acerca de Deus nesse Natal?
São várias as lições que extraímos do Filhos de Deus. A primeira delas é a lição da humildade. Ele “a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de homem e humilhou a si mesmo” (Fp. 2.7). Um tipo diferente de glória, a glória da humildade. Ele não foi um revolucionário, não tomou nenhum reino, ainda que tivesse poder para isso. Pelo contrário. Sempre que tentava o coroar rei, ele fugia. “Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça” (Mt 12.19). O seu reino em nada se assemelha com os reinos deste mundo. Nunca impôs forçadamente a sua vontade, nem repeliu os inimigos, como hoje se faz, mas veio com um poder resistível. Ele é humilde, discreto e permite que o mal coexista com ele. Fez daquele que o trairia seu discípulo e ainda lhe deu um cargo de confiança. Como o grão de mostarda (Mc 4.31), o seu Reino começa tão pequeno que as pessoas zombam dele e não vêem possibilidade alguma de sucesso. Mas, contrariando todas as expectativas e previsões do homem, seu Reino cresceu e se espalhou pelo mundo, trazendo sombra para os doentes, luz para os que andavam nas trevas e salvação para os perdidos.

natal2Pela vida de Jesus aprendemos outra lição valiosa: Deus está conosco, bem perto de nós. Ele é Emanuel, o Deus conosco (Mt 1.23). Ele não se assentou em tronos, nem construiu em torno de si uma muralha para se proteger. “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo. 1.3-14).  Ele era acessível, deixava-se ser tocado, era como um de nós. Em Jesus, conhecemos o Deus que se relaciona com o homem e que não está alheio ao seu sofrimento, nem o entregou a própria sorte. Ele está perto, sente nossas dores, entende nossos dilemas, pois ele mesmo os teve.
Aprendemos com Jesus, o Deus encarnado, que o Criador se importa com o sofrimento humano. Embora as pessoas possam inclinar-se para os ricos e poderosos, Deus se inclina para o pobre e oprimido.  “A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça” (Is 42.6). Ele era como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos (Is 53.2). Não possuiu riquezas. Ainda bebê foi embalado por sua mãe em uma manjedoura, dividiu sua cama com os animais. Na sua passagem pela Terra não tinha sequer um lugar para reclinar sua cabeça (Lc 9.58). Amigo de pescadores, amado pelas crianças, rejeitado e oprimido pelos intelectuais e poderosos. Sua opressão e rejeição foi a glória e a riqueza de muitos. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Ele derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores (Is 53).
Ele também demonstrou que era preciso muita coragem para deixar seu trono de glória e assumir um lugar entre os seres humanos que o receberam (e o recebem) com desprezo e incredulidade. Meras criaturas, feitas por Ele mesmo, homens conhecidos pela sua violência e desprezo pelos seus iguais. Ele mesmo foi desprezado, “e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum”. Essa coragem começou na primeira noite do seu nascimento e acabou no calvário, quando ali despojou principados e potestades, e os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Ele sabia de tudo isso, mas pelo “gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta” (Hb 12.2). Ele suportou toda essa contradição de homens pecadores contra si mesmo  e deixou-nos o exemplo de resiliência, para que nós, por Ele, sejamos fortalecidos e não desfaleçamos em nossos ânimos.
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Jesus, que “é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, aquele que é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.15,16), entrou no tempo e no espaço, assumiu as limitações na pele de um nenê, enfrentou a dor da pior morte. Mas o que as pessoas viriam? Apenas um bebê, deitado em uma manjedoura. Durante sua vida ele andou como errante, foi traído, humilhado e por fim o mataram. Esta figura tão polemica para alguns, hilária para outros, mudou a história da humanidade. Sem palavras, sem força, sem guerras. A vergonha da cruz foi a sua glória. Sua morte trouxe a vida. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo. 12.24).

Em Jesus vemos o Deus que nos criou habitando entre nós, se fazendo carne. Ele, o Verbo de Deus, a Vida, veio ao mundo em carne para nos resgatar do poder da morte e nos garantir a vida eterna. Somente Ele, Jesus, pode iluminar os olhos do homem nascido em pecado. “Nele está a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo” (Jo. 1.9). Ele veio para que deixássemos de andar às escuras, e passássemos a enxergar claramente o sentido e propósito da vida na terra. Infelizmente, desde o seu nascimento em carne – quando em Belém seus pais buscavam um lugar para que nascesse – até hoje, o que mais se ouve é: “Aqui ele não pode nascer”. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12). Estes experimentam nessa vida um novo nascimento, não mais do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus, e assim podem vislumbrar o que é eterno.

É interessante notar que quando nos aproximamos de Deus através de Jesus, começamos a dar valor às pequenas coisas e tudo ganha outro significado. Não mais nos preocupamos em satisfazer-nos, mas alegramo-nos em sermos participantes dos sofrimentos de Cristo. Não conhecemos mais ninguém segundo a carne, isto é, não nos interessa mais viver para nós mesmas, pois passamos a entender que aquele que nos fez, nos amou de tal maneira que se sujeitou viver nesse corpo mortal, e, na sua carne assumiu a nossa culpa morrendo por nós para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:14-21).

Que possamos aprender pela vida do Deus encarnado – Jesus – as lições do amor, da humildade, da proximidade, do destemor e da resistência ante aos perigos da vida terrena. Que possamos ver em Jesus a esperança desse mundo perdido. O seu reino não é político e não age com a força do braço humano. O reino que Jesus nos trouxe nasce dentro de nós, no nosso coração, pela fé em Deus. De nada adianta comemorarmos o natal com presentes e festa se o natal não aconteceu dentro de nós.  O Natal foi e é um acontecimento sério que mexeu e mudou a história dos homens, dos reinos e do mundo. E quer mudar a nossa história.

Feliz Natal a todos e um novo ano cheio de esperança em Deus.
Ir Judite Alves
“O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Romanos 11.33-36)
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